Este Blogue não quer ter nada a ver com o novo Acordo Ortográfico...

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Madrid Fusion #21





A Zona de Mixology Bar!!

Muita gente, segurança à porta, muito Gin, muita festa, boa música, muitas palestras sobre serviço de bar, novos pordutos e conceitos... Tinha era luz a mais!!!
Mas o Gin Tónico era bem bom, até havia com tangerinas...

Madrid Fusion #20



Olha o luxo...

Madrid Fusion #19



hoje foi o dia da equipa de matrecos do Perú fazer o almoço para todos os congressistas...

Já viram bem o tamanho daqueles três mesmo à frente, mas o que tem os panos à cintura, bate aos pontos.

Madrid Fusion #18


Arzak a preparar-se para dar a missa...


Depois quando chegar-mos a lisboa colocamos os videos desta apresentação... muito gira... mais uma vez conceitos bem diferentes e neste caso estranhos também... mas depois vêm os videos, não quero estragar a surpresa.

Madrid Fusion #17

Os irmãos Roca trouxeram-nos um tema interessante, "técnicas de vanguarda nos serviços de catering".



Estavamos a tentar perceber como iriam abordar o tema e acima de tudo como se pode e se consegue transportar a cozinha do Celer de Can Roca para fora de portas sem que a qualidade possa correr riscos.
Conseguiram-no com a mestria que já tinhamos visto no peixe em Lisboa 2010, algumas ajudas externas, neste caso um estudo que estão a desenvolver com uma entidade, com o objectivo de esterilizarem a frio produtos altamente pereciveis como as ostras por forma a que possam ter esses produtos nos serviços de catering sem riscos de contaminação.




Ficou uma pergunta no ar, quantos profissionais são precisos para dar um serviço deste gabarito para 120 pessoas.

Ps: Ninguém quis fazer a pergunta, talvez todos tenham optado por viver o sonho...

Madrid Fusion #16



Impressionante a quantidade de jornalistas que se juntam para ouvir Adria... Aqui na foto com o arquitecto, e os senhores da telefónica.

Aquele é o projecto do que irá ser a Elbulli Foundation

Madrid Fusion #15

Á noite fomos conhecer o Mercado De San Miguel... Não podiamos deixar passar esta oportunidade!



Há quem diga que cozinha é também conhecer os povos, seus hábitos e cultura Gastronómica.



São dezenas de bancas com comida vendida á unidade desde marisco ao inevitável presunto. Ainda tem espaço para entre outros, uma livraria onde abundam livros de cozinha.

Esta é uma visita que vale bem a pena, um ambiente incrivel, apinhado de gente, boa comida e acima de tudo a aprendizagem daqueles que são os hábitos tão profundos de um povo.
Comemos e observámos, mas também penso que absorvemos e compreendemos uma forma de estar tão própria.
Se um dia vierem a Madrid, nós recomendamos...

Madrid Fusion #14



Uma Cozinheira Mexicana, que falou e mostrou um pouco da historia gastronómica do México, um povo muito rico, pelo menos no que toca à gastronomia, o resto é o que sabemos.

p.s. Se o Coelho não vai à montanha, vai a montanha ao Coelho (desculpem lá, é uma private joke)

Madrid Fusion #13



O Bosque de Massimo Bottura, pode não parecer mas o prato tem um aroma impressionante.
"A técnica não é importante, o importante é a ideia!"

Madrid Fusion #12

Um dos pontos altos, para nós, claro, do segundo dia, a apresentação de Andre Chiang!



Com uma forma de ver a cozinha muito própria, Andre é um jovem Chef Cozinheiro formado no Japão e viajado por terras francesas onde trabalhou com Alain Ducasse e Pierre Gagnaire. Rumou a Singapura onde se tornou já uma referência.



As propostas para comecar a refeição!



O menú de degustação, aqui com todos os elementos empratados na mesma superficie.

Madrid Fusion #11

O leilão de Trufas deste ano ficou bem aquem das espectativas, ainda assim...



As pretas foram vendidas por 1700 euros



As brancas tiveram uma licitação final de 2000

Se pensarmos que em edições passadas a quantidade vendida saiu proporcionalmente por 8000 euros...

Madrid Fusion #10



Nuno Mendes, Chefe do famoso Viajante em Londres... uma das melhores apresentações do "Fusion", uma Cozinha diferente, feita por uma pessoa "diferente", é bom ver um Português a "dar cartas" ao melhor nivel. No fim da apresentação ouve quem disse-se "O melhor cozinheiro português no mundo."

Parabéns Nuno!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Madrid Fusion #9



Adriá a falar no que vai ser o elbulli no futuro, a Fundação Elbulli, amanhã coloco o video onde poderão ouvir da sua boca e ver com os vossos olhos o que irá a ser o espaço de gastronomia mais impressionante do mundo!

Madrid Fusion #8

Adivinhem quem são?


São só os responsáveis pelos guias mais importantes do mundo, Michelin, Zagat, Restaurant Magazine, etc e tal...

Madrid Fusion #7



As Estrelas da Unilever Food Solutions

Madrid Fusion #6

Alguns dos oradores do primeiro dia




Dani Garcia com a barbatana de Tubarão!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Madrid Fusion #5

Para quem está na dúvida, este aparelho serve para congelar alimentos a Vácuo a 200ºC Negativos... Uau!



Não altera a estrutura do produto, e funciona com nitrogénio.

Madrid Fusion 4#



Para terem uma noção do tamanho do auditório, aqui fica uma foto. Acreditem, é bem maior do que a foto transmite!
E não é que encheu...

Madrid Fusion #3

Um Gin bem diferente...

Placton com água mineral

Alga Nori Fresca e Salicórnia

Gin


Resultado Final

Madrid Fusion 2#



Um frio de rachar na capital espanhola. O lago em frente á feira já tinha gelo ás 19:00 horas... E ainda vai piorar!
A temperatura no interior do edificio é que esteve ao rubro principalmente com a revelação do projecto futuro do que vai ser o "El Bully Foundation", só visto! Descansem, vamos contar tudo!

Madrid Fusion #1



Madrugada de Terça Feira, 01h00 da Manhã a nossa segunda experiência gastronómica em madrid, "pizzas" à fatia, naquela que se auto intitula a "primeira boutique de pizzas do mundo" , por acaso estavam boas!!!!!!



Depois colocamos mais fotos e experiências, agora é hora de dormir, porque amanhã é o primeiro dia de FUSION, e começa bem cedo.

Até já...

sábado, 22 de janeiro de 2011

Critica

Bocca (Lisboa), por Toni

Para acabar con nuestro periplo gastronómico lisboeta fuimos a Bocca situado muy cerca del Assinatura. Como ellos mismos dicen en su web, es la cocina de autor del chef Alexandre Silva fuertemente inspirada por la cocina tradicional lusa y dentro de poco cumplirá su tercer año de andadura. También tienen un gastrobar con carta de cocktails. Tienen la cocina a la vista, para los que gusten de ver a la brigada trabajando, algo que no es mi caso.

Además de la carta disponen de varios menús diferenciados por el número de platos. Aquí hay que hacer una pequeña crítica. Las cartas están en portugués, francés e inglés pero no en español. Es una sorprendente carencia cuando el principal contingente de turistas en Lisboa son los españoles.

Mientras hojeábamos la carta tomamos una cerveza Super Bock, 3,50€, un poco pasada de precio y nos pusieron un aperitivo que tuve el fallo de no apuntar pero que recuerdo que nos gustó. El cubierto lo cobran a 3€ c/u y también incluían la típica mantequilla y un platín con aceite portugués. Buen pan.

El primer entrante consistió en un Pato criollo, la cebolla y piña San Miguel. Carpaccio de pato real con chalota y ragú de cebollino, chutney de piña. 14€. Muy bueno el sabor del pato, en abundante ración y bien acompañado por las cebollas con el toque dulce del chutney dando el contrapunto para suavizar la potente carne del pato.

También muy bueno el Parmentier de carne de cerdo Bísaro. Sopa de patata con una carrillada de cerdo estofada al vino tinto. 11€. El cerdo bísaro es una raza del norte de Portugal muy apreciada por su calidad. Excelente la carrillada, suave y perfecta de punto, con el apunte del vino y muy logrado el parmentier más en forma de salsa que de puré. Nos gustó.

En esta ocasión seguimos con carne para los platos principales. El pato y el arroz.
Risotto de pato asado con chorizos portugueses y reducción de jugo de naranja. 18€. Una estupenda revisión de un plato típico de la gastronomía portuguesa como es el arroz de pato. Aquí el cocinero arriesga al mezclar la carne del embutido con la del pato pero sale totalmente airoso con el resultado en el que el arroz, muy bien ligado, se impregna del sabor de ambos aunque predominando el pato, todo ello matizado por la reducción del jugo de naranja. En nuestra búsqueda del mejor risotto o arroz, éste se va a los primeros lugares de la clasificación.

Para acabar el Cordero Donald Russell, calabaza y chalotas. Lomo asado y costillas de cordero servido sobre una cama de puré de calabaza y caviar de berenjena y chalota. 30€. Reconozco que desconocía la existencia de la empresa de productos cárnicos gourmet Donald Russell , y en verdad nos sorprendió muy gratamente el intenso y magnífico sabor del cordero, tanto del lomo como de las costillas. Sencilla preparación en la que solo se realza el sabor de la carne con el puré y el caviar y se deja "hablar" al cordero por sí mismo. Excelente.

Aunque las raciones fueron respetables al ver los postres no nos pudimos resistir. Uno de ellos fue el Chocolate y "ginja de Óbidos". Coulant de chocolate negro con sorbete de "ginja de Óbidos" . 11€. Bueno el coulant aunque no de los mejores que haya probado como el que hacía y espero que retome Pedro Martino, y muy rico el sorbete de ginja de Óbidos que tomando cucharadas mezcladas con el chocolate hace un bocado de lo más vicioso y adictivo.

El otro postre fue el Café, queso y cacao. Helado de tiramisú con crema de café y gelatina. 7€. Los postres tal vez estén a un nivel un poco por debajo de los platos salados aunque éste tiramisú sin ser de los mejores que recuerdo se dejaba comer con agrado.

Acompañamos los postres con 2 vinos dulces: Quinta do Portal Reserva Moscatel do Douro 2000, 6€, y Quinta do Crasto 2004 LBV, 6€.

Para beber elegimos un excelente Conceito 2007, 40€, de la muy buena carta de vinos la cuál no solo está ordenada por tipos de vino y regiones sino que además informan de las uvas que lo componen y del nombre del productor. Algo poco frecuente y por lo que hay que felicitarles.

El personal de servicio rayó a un gran nivel también, tanto en la recepción como los camareros y el maitre, y el ritmo de cocina fue bueno teniendo en cuenta del lleno total.

Se podría decir en este caso casi lo mismo que para el Assinatura. Creatividad bien medida con la base de la gastronomía tradicional portuguesa, dominio de la técnica, muy buen servicio y detalles de organización del restaurante muy bien estudiados y conseguidos. Además está bastante céntrico por lo que no se puede dejar de recomendar sin duda en la visita a Lisboa.

Nota general: 7,25.

Emoción: 7,50


Bocca

Rua Rodrigo da Fonseca, 87D, 1250 - 190, Lisboa
http://www.bocca.pt/

O que andamos a ler #43



Pierre Hermé no seu melhor...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A máquina...



Já tive o privilégio de, no decorrer dos anos nesta profissão, conhecer algumas equipas de cozinha, constatar as diferenças de personalidade e formas de reagir ao stress tão presente nesta nossa actividade e de facto, por vezes perceber como somos todos tão diferentes, mas nalgumas coisas tão iguais. Uma das situações em que com alguma regularidade vemos isso é com a entrada do serviço na máquina de tickets. Será o som da impressora de agulhas, ainda tão utilizada na cozinha para a entrada de pedidos pelo seu som tão peculiar e por isso necessário, ou será apenas pela crescente pressão de mais um pedido!? Facto é que por onde todos passámos já vimos alguém a dirigir palavras menos meigas á dita máquina, o que por vezes até serve de brincadeira pois final do serviço todos imitam o episódio ocorrido enquanto em amena cavaqueira se arruma tudo, deixando pronto para mais um dia.
Entre horários mais ou menos malucos, pressão constante de quem quer ver tudo a sair impecável e muita gestão material e emocional pelo meio, é um facto que já várias vezes me apeteceu encher bem a cuba de água, pegar na dita máquina e deitá-la lá dentro enquanto num monólogo de decibeis bem altos lhe digo, imprime agora, vá... com o resto da equipa em surdina a pensar, "queimou de vez" lol. Enfim, controlamo-nos mais uma vez, vamos para casa dormir o pouco do costume e no dia seguinte nem se repara nela até se ouvir pela primeira vez mais um pedido a entrar, que no fundo até sabe tão bem, vamos então mostrar do que somos capazes. The show must go on...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Ora aqui está uma boa maneira de usar as folhas de aboboreira



from artc

O homem Casou-se e foi de férias...



Uma semaninha nunca fez mal a ninguém...

Em 6 máquinas descartáveis que haviam o Sérgio consegue aparecer em 90 fotos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! sendo 60 delas auto-retratos.

Duas das sugestões da semana



Bochecha de Porco Alentejano num creme fofo de Batata Violeta




Filete de Dourada sobre puré de Aipo com molho de Lavagante


(Pedimos desculpa pelas fotos que de facto... lol)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

O que andamos a ler #42



Para quem quer fazer um investimento,

O CookBook at French Laundry e Ad Hoc at home de Thomas keller...

Vale a pena, o preço não é nada mau!

Entrevista a Arzak por David Lopes Ramos


(Foto: Enric Vives-Rubio)

Juan Mari Arzak, chefe de cozinha basco, é considerado o pai do movimento de renovação da cozinha espanhola, hoje na vanguarda da culinária mundial. Entrevistado para o P2, recorda como tudo começou, fala sobre o que é preciso para se ser grande na cozinha, do trabalho com a sua filha Elena e da grande amizade com Ferrán Adrià: "Ele faz uma cozinha única, de Plutão."

Olhem para este homem de 68 anos, de olhar vivíssimo e verbo fácil. É o chefe de cozinha Juan Mari Arzak, basco, o primeiro a alcançar em Espanha, em 1989, as três estrelas Michelin, o mais cobiçado galardão de um restaurante que se preze. O restaurante, que se mantém no lugar da antiga taberna da família, fundada pelos seus avós e continuada por seus pais, chama-se Arzak e localiza-se na cidade de San Sebastián/Donostia. Juan Mari pode gabar-se de ser o único chefe de cozinha da história a estar há mais de 30 anos na vanguarda culinária (desde 1976).

Pode gabar-se, mas não o faz. Na conversa que mantivemos, em Novembro, em Cascais, onde se deslocou a convite da organização do Estoril Film Festival, para abordar o tema A arte de cozinhar, ficção ou realidade após a exibição do filme O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela (Peter Greenaway, 1989), Juan Mari Arzak garantiu, porém, que não lhe parece "complicado" manter-se nessa condição, embora se tenha "que gostar": "Os grandes sábios do mundo, os prémios Nobel, são, regra geral, os mais velhos. Então, eu, cozinheiro, também posso ser assim."

Diz, do seu restaurante, que é "um pequena casa" herdada dos pais, que ganhou "grande notoriedade com a ajuda da comunicação social". "Tornámo-nos até uma actividade atractiva para os jovens." Se Juan Mari Arzak o afirma, é porque é verdade. Mas o mais importante é o que se segue: "Quem se quiser dedicar a esta profissão tem que amar a cozinha, ser humilde e gostar verdadeiramente do que está a fazer. Não se pode ter uma ambição mal direccionada. Eu ambiciono saber sempre mais. Não quero ser o melhor de todos. Bom, sim, é ter a ambiçãode fazer o melhor possível."

O Arzak é, segundo o seu proprietário, um lugar onde se serve comida, cuja maior ambição é que as pessoas saiam satisfeitas, alegres. "Isso é o que pretendemos. Trata-se de uma espécie de intercâmbio: pagam-me, é verdade, e eu sirvo a melhor comida possível." Juan Mari reconhece que o seu não é um restaurante para todos os dias. "O Arzak é um restaurante de alta cozinha. Vai-se lá para se comer um menu de degustação e não um prato popular. Há, em San Sebastián, algo que é único: não há restaurantes para ricos e restaurantes para pobres. Os que têm menos possibilidades económicas poupam e vão uma vez por ano. Todos: estudantes, camponeses, pescadores... San Sebastián é o único lugar do mundo onde os populares vão comer aos restaurantes três estrelas. É uma cidade onde não há diferenças sociais acentuadas."

Perguntar tudo

Arzak classifica a sua cozinha como "de autor". "Da minha filha Elena e minha. Tal quer dizer que todos os pratos que servimos não se comem em mais lado nenhum. Falo dos da nossa autoria, pois também servimos os que chamo "os Nobel da cozinha basca", os pratos de sempre, como as kokochas [formações gelatinosas da goela das pescadas e do bacalhau] ou os chipirones [chocos]. A nossa cozinha tem espírito basco, está ligada a uma cultura, a uma herança específica. Nesse sentido, sou contra a globalização. Quando se come no Arzak, tem-se a garantia de que se vai comer uma coisa única, diferente."

Mas há mais, explica Juan Mari: "A nossa cozinha é evolutiva, de investigação e de vanguarda. No 2.º andar do nosso restaurante, temos um laboratório onde trabalham Xabier Gutierréz e Igor Zalakain, que não sabem nada do que se passa no restaurante. Eles criam novos pratos. A Elena prova-os, eu também os provo e a decisão final é minha. A nossa preocupação e objectivo são a renovação constante. É difícil. Se não sai bem, não chega à mesa. Preferimos manter os pratos antigos. A alta cozinha de evolução está muito avançada. E o gosto das pessoas não avançou à mesma velocidade. Por isso é difícil. Toda a evolução é difícil."

Ainda sobre o processo criativo: "Num restaurante, a equipa é fundamental. Sem a minha equipa não seria nada. Eu e a minha filha Elena. A equipa do Arzak está junta há muito tempo. As pessoas sentem-se realizadas profissional e pessoalmente. A Elena e eu formamos um tandem. Não é fácil de explicar. Sem nós, a nossa cozinha não existiria. Os pratos criamo-los entre os dois. Ela diz-me: "Esta erva aqui não fica bem." Eu digo-lhe: "Este peixe à la plancha [na chapa] ficava melhor." E fazemos novas experiências. Se não chegamos a acordo em relação a um prato novo, ele não vai à mesa. Eu ou ela dizemos: "Há que esperar mais algum tempo.""Atendendo à relevância da sua carreira como chefe de cozinha, não admira que Juan Mari Arzak tenha ideias muito claras sobre o tema: "Há uma coisa muito importante para se ser um grande cozinheiro: tem que se estudar. Primeiro, cultura geral, o que em Espanha quer dizer tirar um bacharelato; depois, fazer-se um curso numa escola de hotelaria; e, então, viajar e praticar em diferentes cozinhas, trabalhar. Há que olhar o mundo com olhos de cozinheiro. Saímos para a rua e devemos estar atentos a tudo: aos novos produtos, mas também às campanhas publicitárias que os promovem. Em relação aos novos produtos, interrogarmo-nos: "O que poderei ou não fazer com isto na cozinha?" Devemos ter capacidade de assombro! Capacidade de nos espantarmos. Para se ser grande na cozinha há uma coisa imprescindível: pensar como uma criança. As crianças são pura imaginação. Nunca fazem uma coisa da mesma maneira. Há que ter espírito de criança. A cozinha é liberdade. Se não gostas do que alguém faz, deixa-o sossegado. Não te metas com ele. Não manifestes publicamente a tua discordância. Olha outra vez para o que ele faz e pode ser que aprendas. Tem que se ser humilde. Eu sei de cozinha, mas não sou um deus. Sou é muito curioso e muito perguntador. E não tenho dúvidas em perguntar tudo."

Uma cozinha para todos

O caminho de Arzak para o estrelado culinário iniciou-se quando ele, para grande desgosto da mãe, Francisca Arratibel, uma famosa cozinheira popular no restaurante da família, cuja fundação remonta a 1897, decidiu trocar o curso de Arquitectura ("era um aluno mediano") pelo da Escola de Hotelaria de Madrid. Concluída a aprendizagem, ala para França, onde trabalhou com alguns dos mais importantes chefes de cozinha gauleses. Regressou em 1966, com 24 anos, mas só em 1976 se deu e epifania.Arzak, o seu amigo Pedro Subijana - também com três estrelas Michelin no restaurante Akelare -, mais uns quantos, e a revistaGourmet organizaram uma mesa-redonda para falar da renovação da cozinha basca. Convidaram, para o efeito, alguns grandes de França, como Paul Bocuse e Raymond Olivier.

Recorda Juan Mari: "Pela primeira vez na minha vida fui convidado para dar uma conferência. O acontecimento foi um êxito. Estava com Pedro Subijana. Ouvimos Bocuse falar da filosofia da sua cozinha, conceito para nós novo e nada claro. Foi então que combinámos: vamos iniciar uma revolução da nossa cozinha, encarada esta como parte da cultura do povo. Juntámos 12 pessoas de San Sebastián e arredores e explicámos publicamente que não se tratava de ganhar dinheiro, mas para deixar claro que a cozinha faz parte da cultura de um povo. Os 12 convidámos para os nossos restaurantes jornalistas, especialistas e outros interessados e organizámos colóquios para explicar a nova filosofia da nossa cozinha. Ao fim de um ano, verificámos que tínhamos criado uma elite, mas esse não era o nosso objectivo. Começámos a ir às aldeias e explicámos às pessoas as nossas ideias sobre a nossa cozinha, sublinhando que não tinha que ser elitista, bem pelo contrário, que era para todos."

O programa de acção, explica, assentava em três pontos: "Recuperar os antigos pratos perdidos; lutar pelos produtos de qualidade; fazer evoluir a cozinha basca e dá-la a conhecer ao mundo. O resultado do movimento então iniciado é que somos, actualmente, os pontas-de-lança da cozinha dos nossos dias. E somos os pontas-de- lança da cozinha moderna, de vanguarda, e não da cozinha tradicional. No entanto, continuo a pensar que a grande cozinha do mundo é a francesa. Estiveram um pouco adormecidos, mas já estão a recuperar. Têm um conjunto de jovens cozinheiros muito bem preparados e ambiciosos. Todos aprendemos as técnicas de cozinha com os franceses."Perguntei a Arzak se é verdade, como se afirma, que o acto fundador do movimento foi a proclamação, feita por ele e Subijana, de que as kokochas se cozinhavam sem farinha. Juan Mari sorriu e confirmou: "Quer dizer que o molho verde das kokochas, um clássico da cozinha basca, se faz apenas com a gelatina delas e azeite. Esta proclamação inseria-se no nosso programa de acção, ou seja, de que era preciso fazer as receitas muito bem feitas. Segundo a tradição, a ligação do molho das kokochas era feita com farinha. Nós experimentámos e verificámos que, além de bem ligado sem farinha, o molho era ainda mais saboroso, mais leve e mais valorizador das qualidades do produto."

Por outro lado, embora autor de um sem-número de novos pratos, "uma média de 40 por ano", Arzak afirma que, até agora, só um se impôs, o pastel de krabarroca (rascasso vermelho, por alguns chamado "galinha do mar"). "É o prato mais importante que fiz na minha vida e que pode passar à História. Todos o fazem: restaurantes, donas de casa e cozinheiros amadores e até o confeccionam nas cozinhas industriais."

O amigo Adrià

É pública a amizade de Arzak e Ferrán Adrià. Este último, no decurso do MadridFusión de 2007, chamou-lhe "mestre" em público. É notória a cumplicidade e admiração mútuas. Comenta Juan Mari: "É verdade. Contudo, ele é catalão e eu sou basco. Somos de culturas diferentes. Há 15, 20 anos, eu era o grão-guru e ninguém gostava da cozinha de Ferrán. Fui experimentar e não entendi nada. Mas percebi que tudo estava bem feito. Disse: "Há que deixá-lo livre; deixem-no fazer o que ele quiser." Tornámo-nos como irmãos. Viajamos muito juntos, vamos a concertos juntos, visitamo-nos, com as respectivas famílias, na casa um do outro. Somos amigos."Arzak compreende-o perfeitamente, diz. "Ele é encarado, hoje em dia, como o líder deste movimento culinário espanhol que deu volta ao mundo. Ele faz uma cozinha única, de Plutão. Trata-se da pessoa mais imaginativa que houve, há e haverá na história da cozinha. Ferrán só há um: não sabes se o que ele faz está bem ou está mal. Não tens fundamentos para o criticar, pois o que ele cria é sempre novo. A única coisa que podes dizer é que gostas ou não gostas. O novo projecto de Ferrán - ele fecha o El Bulli este ano - arrancará em 2014. Envolverá cozinheiros de todo o mundo, que vão cozinhar com ele. Eu também vou cozinhar e investigar com ele. Estou a pensar tirar uma semana por mês para o fazer. As outras três trabalharei no Arzak."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Chegámos a 2011



com 60 seguidores
20.000 visitas
e 9 meses de vida

O que começou por ser uma "brincadeira", passou a ser uma responsabilidade, e tudo graças ás pessoas que nos seguem.

Obrigado a todos e feliz 2011

Com Saúde e Dinheiro porque Deus não pode dar tudo, lol!!!

O que andamos a ler #41



Para o quem quer conhecer melhor, este é o livro perfeito.

as suas ideias, conceitos, o que fez, o que deixou de fazer, o que ainda poderá fazer, e muita muita coisa.

domingo, 2 de janeiro de 2011